quarta-feira, dezembro 20, 2006

Qual a melhor prenda a oferecer?


Depois de um passeio por várias lojas da cidade do Porto, constatei que há um conjunto de prendas que é proibido oferecer neste natal, porque o seu preço está muito inflacionado. No entanto, existem outras, por serem menos influenciadas por este fenómeno, devem ser oferecidas nesta época.

Assim as prendas que devemos oferecer são aqueles relacionados com a cultura (Livros, Cd’s, Dvd’s, bilhetes para espectáculos …) e com as tecnologias (computadores, impressoras, leitores de mp3, plasmas, electrodomésticos …). Tudo que se relacione com o vestuário é de evitar.

Na semana passada tive um grande choque quando ia fazer as minhas compras de Natal. O vestuário atinge preços elevados, nunca pensei que tudo pudesse estar tão caro, preços inimagináveis. Queria comprar uma camisola para oferecer à minha irmã, entrei numa loja, que ela é frequentadora habitual, mas só em tempos de saldos, depois passei a entender porque. Pedi ajuda à funcionária, que me começou a mostrar as camisolas, que não tinham ouro nem qualquer tipo de pedras preciosas, às quais não atribui qualidade acima da aceitável. Começo a ver os preços e elas rondavam todas entre os € 75 e os € 90, achei um exagero e perguntei se não tinha nada mais barato. A funcionária mostro-me umas mais acessíveis (segundo ela), umas camisolas banais de uma só cor quase lisas, cujo preço não era inferior a € 50. Agradeci e pensei noutra coisa, porque nas sucessivas montras da rua de santa catarina o preço do vestuário rondava sempre estes preços. Pensei num cachecol e numas luvas, mas os cachecóis rondavam os € 25 e as luvas os € 20, mais uma vez tudo muito inflacionado. Certamente que não comprei nada relacionado com vestuário.

Ainda dizem que o sector têxtil está em dificuldades, as margens dos produtos devem ser acima dos 150%, nesta época bastantes superiores. Eu não quero que ninguém fique a perder dinheiro comigo, mas também não gosto de ser enganado. Quero pagar o valor justo pelos bens e serviços que consumo.

Claro que a opção alternativa são outro tipo de bens, que muitas vezes até são alvo de promoções nesta altura do ano. Falo dos produtos que envolvem tecnologia e os bens culturais. São alternativas válidas, uma vez que é racional esperar cerca de 3 semanas pela época dos saldos, onde o preço pedido pelo vestuário se aproxima do seu real valor.

Aos produtores têxteis do Vale do Ave, que se deixem de se queixar das dificuldades e da concorrência chinesa, pois com estes preços conseguem produzir com os salários nacionais e encher bem os bolsos. Se grande parte da margem fica nos distribuidores (comerciantes), que comessem a negociar melhor os seus preços, e porque não criarem a marca e passarem eles a distribuir os seus produtos. O produtor é que tem o mais importante.

sexta-feira, dezembro 08, 2006

Estatísticas do Blog

Olá,
Para quem gosta de dados estatísticos, aqui fica a estatísticas da semana de 27/11/2006 a 03/12/2006. Esperando eu, a curto prazo, ver aumentado share deste blog.
Os meus melhores cumprimentos.
Daniel Silva

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Date, Page Views, Visits
Monday 27/11/2006 : 46, 22
Tuesday 28/11/2006 : 37 , 16
Wednesday 29/11/2006 : 16, 10
Thursday 30/11/2006 : 15 , 10
Friday 01/12/2006 : 37 , 20
Saturday 02/12/2006 : 15, 7
Sunday 03/12/2006 : 23 , 7

O Papel das Instituições Financeiras na Preservação do Património Nacional

Economia: O Papel das Instituições Financeiras na Preservação do Património Nacional


Muito se tem falado dos lucros, muitas vezes apelidados de pornográficos, do sector financeiro em Portugal. Na verdade temos assistido a lucros cada vez maiores e astronómicos das instituições financeiras nacionais. Não estou a querer dizer que acho correcto ou errado, mas um facto é que as instituições financeiras têm um papel fundamental na nossa economia e que contribuiu para o nosso desenvolvimento. Este tema poderá ficar para um próximo artigo, pois queria reflectir hoje sobre o Papel das Instituições Financeiras na Preservação do Património Nacional.

Hoje quando olhamos para a baixa das duas grandes cidades nacionais, Porto e Lisboa, descobrimos que as sedes dos grandes bancos ocupam edifícios imponentes e de grande valor histórico. Esses edifícios de outro modo podiam estar dados ao abandono, tal como se verifica em muitas habitações na baixa portuense e lisboeta. Os centros históricos já não atraem pessoas, estamos a assistir à sua desertificação. As casas estão velhas, desabitadas, feias e mostram sinais de desgaste e má conservação

Olhando para a cidade do Porto, cidade que particularmente conheço, verifica-se que na Avenida dos Aliados existe uma proliferação de bancos: a Caixa Geral de Depósitos, o BBVA, o Banco de Portugal, o Totta, o Montepio e o Banif, cada um tendo os seus serviços instalados em grandes edifícios com grande valor patrimonial, que têm paredes-meias com edifícios desabitados e degradados. Se não fossem estas instituições, estes edifícios eram apenas mais um, talvez também abandonados. Julgo ser importante reflectir sobre esta questão, apesar dos lucros astronómicos, devemos reconhecer o papel importante que desempenham os Bancos na preservação do nosso património histórico.

Eu já tive o privilégio de entrar em 4 destes edifícios, fiquei espantado com o elevado grau de conservação, alguns ainda preservando algum mobiliário que julgo ter muito valor. Não nos esqueçamos que qualquer destas instituições podia apenas manter uma delegação (o que comummente se designa por agência bancária) no rés-do-chão dos edifícios e ter os seus serviços centrais noutras zonas da cidade, em que os custos de manutenção e conservação seriam menores. Claro que concordo que ter sede num edifício imponente fica bem na fotografia e dá prestígio, mas será que é isso permite captar mais depósitos, conceder mais crédito, vender mais seguros e ganhas mais comissões. Na minha opinião, julgo que não, ninguém escolhe um banco por estar num edifício bonito, nem por manter o património histórico.

Muitas vezes, estas instituições até incorrem em elevados custos, pois têm que adaptar os edifícios para que os seus trabalhadores possam usufruir de condições de trabalho condignas. Conheço uma situação, numa destas instituições que vos falei, em que a instalação de um sistema de aquecimento se revelou ser um problema, uma vez que os elevados tectos levam à dissipação do calor, levando a que os custos energéticos para manter o edifício a uma temperatura agradável sejam elevados, reflectindo-se na factura todos os meses.

Será que podemos falar em lógica economicista nas instituições financeiras? Talvez em determinados aspectos, mas nunca nos esqueçamos deste papel importante. Um desafio: Pensemos no centro histórico das nossas cidades sem as Instituições Financeiras. Chegamos à conclusão que ganhamos na conservação do património, mas também em animação do centro histórico, muitas pessoas se movimentam todos os dias para estas zonas para trabalhar, o que permite sustentar o tão afamado comércio tradicional.

sexta-feira, dezembro 01, 2006

Portugal e o Euro

Economia: Portugal e o Euro


Proponho hoje uma reflexão sobre a informação que encheu os nossos serviços noticiosos a uns dias atrás. Como devem estar recordados, a noticia dizia que Portugal foi o país da zona euro que cresceu menos entre os demais parceiros do Euro Sistema.

A mim oferece-me perguntar: i) Portugal estaria preparado para aderir à moeda única? ii) Será que Portugal podia abdicar da condução da sua politica monetária ?

i) Primeiramente, gostava de reflectir se a prossecução de alguns objectivos que permitiram a nossa entrada na zona Euro foi sustentada. O caso mais gritante é o da consolidação orçamental do sector estado. Na verdade verificou-se que a estabilização das contas públicas não aconteceu, continuamos a ter um sector estado com muitos custos, que cada vez mais absorve uma maior parte da riqueza nacional. Este factor podia ser descurado quando apresentávamos taxas de crescimento elevadas, uma vez que se produzia mais, logo podia-se gastar mais, o país ficava endividado mas também tinha mais riqueza. O problema coloca-se quando a economia não cresce, pois a divida aumenta e não há forma de a pagarmos sem absorver uma parte cada vez maior do produto nacional. Passados 7 anos da adesão ao Euro Sistema ainda não temos o nosso problema orçamental resolvido, estando todos nós a pagar esta situação.

Pagamos através dos impostos, já que não se pode mandar embora os milhares de funcionários públicos contratados, por vezes de forma discricionária, nem impedir as progressões nas carreiras (direitos adquiridos) que obedecem a alguma lógica que é tudo menos meritocrática, nem promover a eficiência dos serviços públicos, que estão em alguns casos obsoletos.

Pagamos pela adopção de uma politica económica pró-ciclica, favorecendo os momentos de crise. Quando as empresas estão em dificuldades e as famílias têm os seus orçamentos limitados, o estado está a acompanhar com a redução da despesa e do investimento, agravando os momentos de crise, enquanto que se esperava um aumento da despesa pública. Pois é, mas quando o estado devia poupar não poupou, acompanhou as famílias e as empresas, aquecendo ainda mais a economia, criando procura interna, agora que devia intervir, não intervém e ainda aumenta os impostos, aumentando as dificuldades da economia.

Concluindo, não devíamos ter entrado na zona euro sem antes termos a questão das finanças públicas resolvidas.

ii) Portugal com a adesão ao Euro perdeu um instrumento de intervenção na economia, a politica monetária. Agora já não se pode desvalorizar a moeda nacional de modo a manter o país competitivo, resultando daqui que se continuarmos a ter um crescimento salarial superior à produtividade perdemos terreno face aos nossos congéneres. Numa fase em que os sindicatos parecem estar muito activos na defesa dos interesses dos seus trabalhadores, de facto é preocupante.