sexta-feira, dezembro 01, 2006

Portugal e o Euro

Economia: Portugal e o Euro


Proponho hoje uma reflexão sobre a informação que encheu os nossos serviços noticiosos a uns dias atrás. Como devem estar recordados, a noticia dizia que Portugal foi o país da zona euro que cresceu menos entre os demais parceiros do Euro Sistema.

A mim oferece-me perguntar: i) Portugal estaria preparado para aderir à moeda única? ii) Será que Portugal podia abdicar da condução da sua politica monetária ?

i) Primeiramente, gostava de reflectir se a prossecução de alguns objectivos que permitiram a nossa entrada na zona Euro foi sustentada. O caso mais gritante é o da consolidação orçamental do sector estado. Na verdade verificou-se que a estabilização das contas públicas não aconteceu, continuamos a ter um sector estado com muitos custos, que cada vez mais absorve uma maior parte da riqueza nacional. Este factor podia ser descurado quando apresentávamos taxas de crescimento elevadas, uma vez que se produzia mais, logo podia-se gastar mais, o país ficava endividado mas também tinha mais riqueza. O problema coloca-se quando a economia não cresce, pois a divida aumenta e não há forma de a pagarmos sem absorver uma parte cada vez maior do produto nacional. Passados 7 anos da adesão ao Euro Sistema ainda não temos o nosso problema orçamental resolvido, estando todos nós a pagar esta situação.

Pagamos através dos impostos, já que não se pode mandar embora os milhares de funcionários públicos contratados, por vezes de forma discricionária, nem impedir as progressões nas carreiras (direitos adquiridos) que obedecem a alguma lógica que é tudo menos meritocrática, nem promover a eficiência dos serviços públicos, que estão em alguns casos obsoletos.

Pagamos pela adopção de uma politica económica pró-ciclica, favorecendo os momentos de crise. Quando as empresas estão em dificuldades e as famílias têm os seus orçamentos limitados, o estado está a acompanhar com a redução da despesa e do investimento, agravando os momentos de crise, enquanto que se esperava um aumento da despesa pública. Pois é, mas quando o estado devia poupar não poupou, acompanhou as famílias e as empresas, aquecendo ainda mais a economia, criando procura interna, agora que devia intervir, não intervém e ainda aumenta os impostos, aumentando as dificuldades da economia.

Concluindo, não devíamos ter entrado na zona euro sem antes termos a questão das finanças públicas resolvidas.

ii) Portugal com a adesão ao Euro perdeu um instrumento de intervenção na economia, a politica monetária. Agora já não se pode desvalorizar a moeda nacional de modo a manter o país competitivo, resultando daqui que se continuarmos a ter um crescimento salarial superior à produtividade perdemos terreno face aos nossos congéneres. Numa fase em que os sindicatos parecem estar muito activos na defesa dos interesses dos seus trabalhadores, de facto é preocupante.

1 Comments:

At segunda-feira, dezembro 04, 2006 11:06:00 da tarde, Anonymous Anónimo said...

Olá
Continua ousando e fica aqui um abraço

 

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