sexta-feira, dezembro 08, 2006

O Papel das Instituições Financeiras na Preservação do Património Nacional

Economia: O Papel das Instituições Financeiras na Preservação do Património Nacional


Muito se tem falado dos lucros, muitas vezes apelidados de pornográficos, do sector financeiro em Portugal. Na verdade temos assistido a lucros cada vez maiores e astronómicos das instituições financeiras nacionais. Não estou a querer dizer que acho correcto ou errado, mas um facto é que as instituições financeiras têm um papel fundamental na nossa economia e que contribuiu para o nosso desenvolvimento. Este tema poderá ficar para um próximo artigo, pois queria reflectir hoje sobre o Papel das Instituições Financeiras na Preservação do Património Nacional.

Hoje quando olhamos para a baixa das duas grandes cidades nacionais, Porto e Lisboa, descobrimos que as sedes dos grandes bancos ocupam edifícios imponentes e de grande valor histórico. Esses edifícios de outro modo podiam estar dados ao abandono, tal como se verifica em muitas habitações na baixa portuense e lisboeta. Os centros históricos já não atraem pessoas, estamos a assistir à sua desertificação. As casas estão velhas, desabitadas, feias e mostram sinais de desgaste e má conservação

Olhando para a cidade do Porto, cidade que particularmente conheço, verifica-se que na Avenida dos Aliados existe uma proliferação de bancos: a Caixa Geral de Depósitos, o BBVA, o Banco de Portugal, o Totta, o Montepio e o Banif, cada um tendo os seus serviços instalados em grandes edifícios com grande valor patrimonial, que têm paredes-meias com edifícios desabitados e degradados. Se não fossem estas instituições, estes edifícios eram apenas mais um, talvez também abandonados. Julgo ser importante reflectir sobre esta questão, apesar dos lucros astronómicos, devemos reconhecer o papel importante que desempenham os Bancos na preservação do nosso património histórico.

Eu já tive o privilégio de entrar em 4 destes edifícios, fiquei espantado com o elevado grau de conservação, alguns ainda preservando algum mobiliário que julgo ter muito valor. Não nos esqueçamos que qualquer destas instituições podia apenas manter uma delegação (o que comummente se designa por agência bancária) no rés-do-chão dos edifícios e ter os seus serviços centrais noutras zonas da cidade, em que os custos de manutenção e conservação seriam menores. Claro que concordo que ter sede num edifício imponente fica bem na fotografia e dá prestígio, mas será que é isso permite captar mais depósitos, conceder mais crédito, vender mais seguros e ganhas mais comissões. Na minha opinião, julgo que não, ninguém escolhe um banco por estar num edifício bonito, nem por manter o património histórico.

Muitas vezes, estas instituições até incorrem em elevados custos, pois têm que adaptar os edifícios para que os seus trabalhadores possam usufruir de condições de trabalho condignas. Conheço uma situação, numa destas instituições que vos falei, em que a instalação de um sistema de aquecimento se revelou ser um problema, uma vez que os elevados tectos levam à dissipação do calor, levando a que os custos energéticos para manter o edifício a uma temperatura agradável sejam elevados, reflectindo-se na factura todos os meses.

Será que podemos falar em lógica economicista nas instituições financeiras? Talvez em determinados aspectos, mas nunca nos esqueçamos deste papel importante. Um desafio: Pensemos no centro histórico das nossas cidades sem as Instituições Financeiras. Chegamos à conclusão que ganhamos na conservação do património, mas também em animação do centro histórico, muitas pessoas se movimentam todos os dias para estas zonas para trabalhar, o que permite sustentar o tão afamado comércio tradicional.