segunda-feira, dezembro 22, 2008

Natal...Tempo de Vida


Hoje queria compartilhar convosco uma experiência que me marcou muito. O assunto, desta vez, é outro, vou sair da esfera económica e vou passar a escrever sobre a parte social. Muitos dos leitores já devem estar a dizer “…finalmente, o gajo não percebe mesmo nada de economia”. Como já devem ter reparado sou uma nulidade a fazer previsões, se eu ganhasse uma pipa de massa teria certamente o Paulo Portas a pedir a minha demissão. Depois da descompressão inicial, segue então uma reflexão sobre o tema “ Natal… Tempo de Vida”.

Este ano decidi viver de maneira diferente a quadra natalícia, senti a necessidade de me entregar mais aos outros, de sair do meu mundo dourado e ajudar um pouco os mais desfavorecidos. Deste modo, conheci o projecto Natal +, que basicamente consistia em visitar 2 lares na minha freguesia. Escusado será dizer que esta experiência foi extremamente marcante para mim.

Descobri que com muito pouco se pode fazer muito, através de uma visita conseguimos levar alegria às pessoas idosas e abandonadas. Basicamente, o que fizemos foi dar o nosso tempo, que tantas vezes desperdiçamos numa fila de trânsito, a ver um filme, a praticar desporto ou a decorar a casa para o natal. Nós estamos sempre tão atarefados com as nossas coisas, que nos esquecemos das formas como podemos valorizar tanto a nossa existência. Representamos, cantamos e rezamos, coisas tão simples e ao mesmo tempo cheias de significado para aquelas caras atentas e fascinadas. Naquele espaço não havia distinções, ninguém sabia quem eram os doutores, os engenheiros, os estudantes, os catequistas, os catequizandos, os alunos, os mestres, os jovens e os menos jovens… havia a vontade, o acreditar na construção de uma sociedade mais justa, menos deitada ao abandono.

Quantas daquelas caras foram pessoas importantes na sua juventude, quantas daquelas pessoas tomavam decisões importantes, quantas foram solidárias com os outros. O presente actualmente para elas é de descanso, é de espera por aquela visita especial e para algumas nem precisa de ser especial … desde que seja uma visita de um rosto desconhecido, desde que lhes permita conversar ou até mesmo olhar, saber que existe um mundo do lado de fora, que não os deixa ao abandono, ao esquecimento. Tantas vezes vemos na opulência, nos bens materiais a nossa felicidade, mas a verdade é que mais tarde ou mais cedo essas coisas deixam de ser importantes para nós… trocamos todos os nossos bens por uma palavra, por um reconhecimento, por um consolo. Aprisionados num corpo doente e com uma mente pouco lúcida não somos nada, somos seres alheios aos carros, às viagens, aos empregos, queremos é companhia e algum conforto, uma palavra consegue substituir todos os bens que conseguimos juntar durante toda a nossa existência.

Gostaria também de dar os parabéns e de reconhecer o trabalho notável que está a ser feito pelas pessoas que gerem as instituições que fomos visitar. Pessoas maravilhosas, com um coração muito bondoso, cheio de caridade… ainda bem que existem pessoas assim. Pensava eu que já fazia muito em apoiar em termos financeiros algumas obras… mas o que faço são simples migalhas comparando com a entrega destas pessoas à obra que gerem. Senti o amor, a dedicação e a compreensão. Não existem palavras para a sociedade lhes agradecer todo este trabalho, todas as boas obras. Muito obrigado por todo o vosso esforço.

Tive uma lição de vida com todas estas visitas… é caso para dizer “do pó vieste, ao pó voltarás”, será que vale a pena todas as nossas inimizades, tanta ambição, será que estamos a dar o real valor ao nosso tempo. Fica a reflexão para este Natal.

Um óptimo Natal para todos.
Daniel Silva

1 Comments:

At sábado, dezembro 27, 2008 10:37:00 da tarde, Anonymous Anónimo said...

tou sem palavras... muito bonito o que escreveste...
beijo*

 

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