Salvem a Bolsa !!!
A livre circulação de capitais é um facto em 2008, milhares de milhões de euros, dólares, libras e ienes são transaccionados à escala planetária. O capital é apatriado, hoje os bons negócios, as boas empresas escolhem-se em função do projecto em si e nunca do país de origem (desde que seja um país minimamente desenvolvido). A Walt Disney tem capital maioritariamente japonês, a Mercedes Benz é dominada pelos americanos da Daimler e muitos exemplos se podiam dar.
Perante isto custa-me ouvir as palavras da chanceler alemã Angela Merkel a dizer que o problema é dos americanos e eles é que o têm que o resolver, ou então a ala mais conservadora dos Estados Unidos a dizer que são os impostos que vão pagar a ganância dos banqueiros mundiais. Em parte esta afirmação não deixa de ser verdadeira e também é um facto que o mercado por si só resolve de forma drástica o problema actual, mas com elevados custos. A questão aqui não é resolver o mal, mas sim encontrar o mal menor.
Se não se fizer nada o problema resolve-se, sobrevivem as melhores empresas, as mais previdentes, as que mostraram capacidade de criar mecanismos de resolução deste problema. Mas a questão é que o sector bancário e do mercado de capitais não é um sector normal, como o sector do vestuário. Um banco indo á falência arrasta muitas pessoas, não só os seus accionistas, mas os seus clientes e os clientes dos outros bancos, o que designa por risco sistémico (efeito dominó).
Vamos supor que um banco vai á falência em Portugal, o que acontece depois é um total descrédito de todo o sistema bancário, as pessoas com medo de ficar sem as suas poupanças vão levantar todo o dinheiro depositado, como um banco tem o dinheiro das pessoas investido não vai poder satisfazer todas as solicitações e também irá à falência e vai-se entrar num ciclo onde existirá enormes perdas para todos.
Ao se apresentar soluções, como o empréstimo do estado americano aos bancos e instituições financeiras estamos a salvar as poupanças de uma vida de milhares de pessoas e evitar que a crise se alargue a outros sectores da economia, pois poucas são as empresas auto-suficientes em termos financeiros. Um crash mundial levaria a perdas elevadíssimas, os nossos fundos de investimentos, os planos poupança reforma, as acções, as obrigações, as poupanças de uma vida, passariam a não valer nada. Não estamos a falar das grandes fortunas dos capitalistas, mas sim das poupanças do cidadão médio.
Este empréstimo irá ajudar a criar liquidez dos mercados, irá permitir aos bancos arrumar a casa. Estaremos a salvar os capitalistas gananciosos que estiveram na origem desta crise, mas também a salvar as pequenas poupanças.
Depois de passado o ponto crítico, acredito que nada irá ficar como dantes, irão ser tomadas medidas para prevenir / evitar situações semelhantes e espero que o sistema financeiro fique mais sólido e forte, pois é a base do progresso e do desenvolvimento.
Etiquetas: crash 2008, crise financeira, EUA