terça-feira, setembro 30, 2008

Salvem a Bolsa !!!


Muito se tem falado da crise bolsista que assolou os Estados Unidos da América, mas pouco se tem dito sobre as verdadeiras consequências deste problema. Primeiramente é preciso referir que pouca gente ficará imune a esta crise. Vivemos numa era da democratização dos produtos financeiros, quase todos nós investimos em acções, obrigações, fundos de investimento, planos poupança reforma, certificados de aforro, depósitos bancários, etc…, logo estamos expostos a este problema que poderá ter consequências muito nefastas.

A livre circulação de capitais é um facto em 2008, milhares de milhões de euros, dólares, libras e ienes são transaccionados à escala planetária. O capital é apatriado, hoje os bons negócios, as boas empresas escolhem-se em função do projecto em si e nunca do país de origem (desde que seja um país minimamente desenvolvido). A Walt Disney tem capital maioritariamente japonês, a Mercedes Benz é dominada pelos americanos da Daimler e muitos exemplos se podiam dar.

Perante isto custa-me ouvir as palavras da chanceler alemã Angela Merkel a dizer que o problema é dos americanos e eles é que o têm que o resolver, ou então a ala mais conservadora dos Estados Unidos a dizer que são os impostos que vão pagar a ganância dos banqueiros mundiais. Em parte esta afirmação não deixa de ser verdadeira e também é um facto que o mercado por si só resolve de forma drástica o problema actual, mas com elevados custos. A questão aqui não é resolver o mal, mas sim encontrar o mal menor.

Se não se fizer nada o problema resolve-se, sobrevivem as melhores empresas, as mais previdentes, as que mostraram capacidade de criar mecanismos de resolução deste problema. Mas a questão é que o sector bancário e do mercado de capitais não é um sector normal, como o sector do vestuário. Um banco indo á falência arrasta muitas pessoas, não só os seus accionistas, mas os seus clientes e os clientes dos outros bancos, o que designa por risco sistémico (efeito dominó).

Vamos supor que um banco vai á falência em Portugal, o que acontece depois é um total descrédito de todo o sistema bancário, as pessoas com medo de ficar sem as suas poupanças vão levantar todo o dinheiro depositado, como um banco tem o dinheiro das pessoas investido não vai poder satisfazer todas as solicitações e também irá à falência e vai-se entrar num ciclo onde existirá enormes perdas para todos.

Ao se apresentar soluções, como o empréstimo do estado americano aos bancos e instituições financeiras estamos a salvar as poupanças de uma vida de milhares de pessoas e evitar que a crise se alargue a outros sectores da economia, pois poucas são as empresas auto-suficientes em termos financeiros. Um crash mundial levaria a perdas elevadíssimas, os nossos fundos de investimentos, os planos poupança reforma, as acções, as obrigações, as poupanças de uma vida, passariam a não valer nada. Não estamos a falar das grandes fortunas dos capitalistas, mas sim das poupanças do cidadão médio.

Este empréstimo irá ajudar a criar liquidez dos mercados, irá permitir aos bancos arrumar a casa. Estaremos a salvar os capitalistas gananciosos que estiveram na origem desta crise, mas também a salvar as pequenas poupanças.

Depois de passado o ponto crítico, acredito que nada irá ficar como dantes, irão ser tomadas medidas para prevenir / evitar situações semelhantes e espero que o sistema financeiro fique mais sólido e forte, pois é a base do progresso e do desenvolvimento.

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domingo, setembro 28, 2008

A Nova Revolução


Depois de escrever sobre os mais variados temas, neste momento apetece-me ser um profeta da mudança e elencar um conjunto de pontos que demonstram a entrada de uma nova era, em que nada irá ser igual.

Como já devem ter reparado eu sou um liberal assumido, defendo que o mercado deve funcionar e que o estado deve manter-se o mais afastado possível, pois acredito que o estado nunca consegue fazer melhor que o próprio funcionamento do mercado e da economia, muito pelo contrário, até introduz distorções ao seu funcionamento e depois surgem os problemas (ver o caso dos subsídios no último post).

Mas como referi anteriormente, nada irá ser como dantes, estaremos perante uma nova revolução industrial…

· O tempo do petróleo barato acabou, vamos ter que investir em novas fontes de energia. A ordem mundial vai-se alterar, existem países que viviam exclusivamente do petróleo e que já estão a investir em outros sectores (ex: Emirados Árabes Unidos estão a apostar no turismo). Portugal tem que investir em fontes de energia alternativa, começamos a ver na paisagem nacional várias centrais de produção de energia eólica. O futuro é diminuir a factura energética nacional ao máximo e uma vez que não temos petróleo, vamos aproveitar o país solarengo, ventoso e plantado à beira mar.

Aproveito para lançar uma profecia apocalíptica: o petróleo está a acabar, as reservas mundiais estão a chegar ao fim, a extracção de petróleo está quase a tocar o máximo da capacidade mundial. Desengane-se quem acredita na descoberta de novos poços de petróleo, já foram todos descobertos, a tecnologia da NASA, através de radiografias aéreas (identifica a densidade da crosta terrestre), já identificou todos os poços potenciais existentes no planeta. Não vai ser descoberto mais nenhum poço que garanta a energia por mais 200 anos. Com o fim dos poços mais superficiais (o que já aconteceu), o preço vai subir (nunca mais teremos petróleo a menos de 100 dólares) de modo a ser rentável explorar os outros de mais difícil acesso, até chegarmos ao ponto de ruptura.

· A crise bolsista sem precedentes, que se explica em uma palavra: ganância. A organização económica mundial vai ter que mudar, não dá para acreditar como é que se chegou a tanto, como é que se permitiu que se pudesse emprestar dinheiro com tanta facilidade, sem saber da real capacidade das pessoas pagarem as casas. Já havia sinais de alarme há muito tempo, mas enquanto toda a gente ganhou foi óptimo, o pior foi depois. Novo facto mundial: os EUA a pedir ajuda ao resto do mundo, será possível? Vamos esperar que este nosso cantinho à beira mar fique imune aos vendavais que vêm do oceano atlântico. Mas o que tem de mudar? O sistema tem de mudar, a visão de curto prazo tem que ser alterada, os bancos que foram à falência tiveram excelentes resultados a curto prazo, os seus gestores receberam prémios de desempenho grandiosos e nunca os grandes bancos tiveram um crescimento tão grande, enfim tudo ia bem.

· A crise alimentar é outro facto. Felizmente que existe comunicação social, felizmente que conhecemos outras realidades, felizmente que podemos ajudar os mais pobres. Mas nada disto funciona, não estamos dispostos a pagar o preço justo pelos bens, continua o hemisfério norte (ditos desenvolvidos) a explorar o hemisfério sul. Este tema dá pano para mangas, mas fica para outra ocasião.

Estes 3 pontos são cruciais nesta nova era, tem-se que pensar nos erros cometidos, temos que reformular a forma de organização mundial. O mundo vai mudar, é um facto, será que seremos agentes da mudança ou seremos apanhados por ela.

Para reflexão - A palavra crise em chinês também significa oportunidade.

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