terça-feira, junho 05, 2007

Criminosos Emergentes


Hoje venho emitir a minha opinião sobre o caso dos estudantes que roubaram e profanaram a bandeira da Letónia, ou melhor, venho falar sobre esses insurrectos, uma vez que acho este título mais adequado e a classe estudante comporta muita gente de bem que não se identifica com estes vândalos.

O problema da nossa sociedade é mesmo esse, não damos os nomes correctos às coisas. O que estes indivíduos fizeram foi roubo, e não havendo qualquer necessidade básica que o justifique (por exemplo roubar para comer) é ainda mais grave. Gostava de chamar a atenção para a emergência de um novo tipo de crime, os crimes dos meninos da mamã.

Quando ouvi a notícia veio-me à ideia que estes pequenos furtos não constituem qualquer tipo de novidade, é normal roubar copos nas discotecas, roubar sinais de trânsito e até já vi levar de recordação a chave do quarto de hotel. Normal ?? Só se for para alguns, não para mim.

Uma característica deste tipo de roubo é o objecto roubado constituir uma espécie de troféu, algo que se quer mostrar aos amigos, para ser bem acolhido no seu seio. Funciona mais ou menos assim: o amigo "fixe" é aquele que tem à porta de casa um sinal de trânsito roubado às 4 horas da manhã numa obra, ou aquele que foi à Letónia roubar uma bandeira de um edifício público.

O mais engraçado nesta história é que os meninos de bem, de boas famílias, foram a humilhação dos seus papas. Para mim era constrangedor ver a minha mãe quase a chorar a implorar pela minha libertação e a beijar a bandeira da Letónia. Os dias na prisão e a humilhação que causaram aos pais vai fazer-lhes melhor do que qualquer lição de moral, que qualquer aula de educação para a cidadania.

Relativamente a este caso tenho só uma dúvida: Será que eles vão exibir com orgulho as marcas das algemas e vão dizer que conheceram as prisões da Letónia por dentro com o mesmo orgulho que exibiriam a bandeira roubada? Mas só os próprios é que podem responder.

Por fim, gostaria de chamar a atenção para o comportamento da comunicação social neste caso. Primeiro o que aconteceu foi um roubo, não uma simples profanação, a maioria dos portugueses nem sequer sabe o significado dessa palavra. Segundo, deram tempo de antena a um coitadinho, que é jovem e estudante, mas não é ladrão, a se queixar do tratamento que teve quando foi apanhado. Se calhar estava à espera que lhe oferecessem um cabaz de doces típicos da Letónia e lhe pedissem por favor para devolver a bandeira.

Concordo plenamente com as consequências dos seus actos, uns dias na prisão vão fazer mais por eles do que os pais ou a escola podia fazer, pois está provado que não fizeram nada ao longo de cerca de 20 anos.

Vou então proceder ao perfil desta nova classe de criminosos:
1) Jovens entre os 18 e os 24 anos;
2) Formação superior ou em fase de obtenção dessa qualificação, mas estúpidos e com falta de formação cívica;
3) Não vivem com os pais, saíram de casa principalmente para estudar;
4) Objecto de roubo: coisas com pouco valor monetário, mas com grande simbolismo, normalmente contendo indicação do local onde pertencia;
5) Móbil: prazer de roubar e ser reconhecido pelos seus pares.