quinta-feira, julho 06, 2006

A Origem do Sub-Desenvolvimento em Portugal

Economia: A Origem do Sub-Desenvolvimento em Portugal

Este novo artigo que venho aqui apresentar tenta explicar como um país tão rico, influente e conhecedor das novas tecnologias, durante a época dos Descobrimentos, chega ao século XXI como um dos mais pobres da União Europeia.

A verdade é que Portugal no século XV e XVI era um pólo aglutinador do conhecimento mundial, principalmente quando se tratava do conhecimento dos mares. No território nacional encontravam-se os maiores mestres da navegação, e enganem-se aqueles que pensam que eram só portugueses, nada disso, havia entre os maiores mestres, espanhóis, italianos e titulares de outras nacionalidades. Este pequenos país atraía conhecimento, atraía cérebros, daí a grandeza do nosso povo.

Nesta multiplicidade cultural é que nasceu o “ilustre povo lusitano”, que foi capaz de ir em busca do novo mundo, inventando novos instrumentos de navegação, novos tipos de embarcações, fez avanços notáveis na cartografia, tornando-se num grande império. Afinal, o segredo da supremacia nacional estava assente em valores que hoje consideramos fundamentais: como a tolerância, a aceitação das diferenças, a negação do racismo e a igualdade. Foi este facto que nos distinguiu dos nossos congéneres dos descobrimentos, os espanhóis.

Enquanto os reis católicos castelhanos perseguiam os judeus, os portugueses davam-lhes tecto. Os judeus, para além de um povo estudioso, eram detentores de grandes conhecimentos, abrindo as portas para a hegemonia portuguesa.

Mas, no final do século XV, as coisas mudaram, o rei D.Manuel I começou a desejar tornar-se o rei de toda a península ibérica, o que implicaria o seu casamento com uma filha dos reis católicos. A própria noiva católica impôs uma condição: a expulsão dos judeus.

A ganância e a vontade de ser rei da península ibérica ditaram as acções do monarca nacional. No entanto, sabendo da importância dos judeus, ele tentou enganar a realeza espanhola, baptizando 70 mil judeus portugueses, que passaram a chamar-se cristãos-novos. Embora cristãos, continuaram a professar a sua religião original. Como consequência foram perseguidos e mortos muitos judeus (a título de exemplo pode-se referir o massacre de Lisboa em 1506 que durou 3 dias- como consequência homens, mulheres e crianças, foram torturados, massacrados, violados e queimados em fogueiras improvisadas no Rossio). A comunidade estava em pânico, o que originou a fuga de muitos judeus do país, que levaram consigo muito do património intelectual existente na altura.

As acções de intolerância e de racismo continuaram, e Portugal ficou cada vez mais fechado ao exterior. Os textos científicos tornaram-se proibidos, a educação passou a ser controlada exclusivamente pela igreja e o país mergulhou na ignorância. No seguimento dos massacres, do clima de crescente Anti-Semitismo em Portugal e do estabelecimento da Inquisição - o tribunal da Inquisição entrou em funcionamento em 1540 e perdurou até 1821 - muitas famílias judaicas fugiram ou foram expulsas do país.


Como se pode constatar, a falta de valores como a tolerância e a aceitação dos outros pode custar caro a um país e a uma sociedade. A multiplicidade cultural é uma riqueza, atitudes etnocentricas só causam subdesenvolvimento.