terça-feira, agosto 22, 2006

As Nossas Percepções

Sociedade: As Nossas Percepções


Todos os dias contactamos com pessoas na multiplicidade de relações que mantemos, podendo ser elas de índole familiar, profissional e amorosa. Nestes contactos e relações tendemos a estar constantemente a fazer avaliações do comportamento dos outros e com bastante facilidade encontramos palavras para descrever a sua personalidade, comportamentos e valores.

A verdade é que somos capazes de ao afim de alguns minutos, através de uma simples conversa, expressar a nossa percepção que tivemos sobre a pessoa com quem nos relacionamos. No entanto, as nossas percepções podem ser traídas pela nossa tendência de adoptarmos determinados critérios, que muitas vezes utilizamos de forma inconscientemente. O seu conhecimento poderá levar a um melhor entendimento dos outros e a um melhor conhecimento de nós mesmos.

Uma das nossas limitações é o designado efeito halo. Consiste em avaliarmos os outros com base numa simples conversa ou num comportamento. Nós somos capazes de a partir de uma ou duas características extrapolar para o conhecimento total do indivíduo. Depois a vida dá-nos lições, quantas vezes as pessoas que se tornaram importantes na nossa vida começou com uma avaliação ' não fui com a cara dele/a '. Temos que ter muito cuidado com estas situações, pois podemos sempre, quer voluntariamente, quer involuntariamente, passar a imagem errada. Se por um lado, este efeito pode funcionar a nosso favor – nós podemos sempre passar a imagem que queremos – por outro funciona contra nós – a outra parte poderá fazer o mesmo. Um caso gritante de podermos utilizar o efeito halo a nosso favor é uma entrevista de emprego, nós sabemos quais as características pessoais que o cargo / o empregador procura e podemos passar a imagem que queremos, claro que também dependerá na nossa capacidade de representar e da sensibilidade do entrevistador a esta questaõ, podendo nós mesmos criar a nossa sepultura ao entrarmos em contradição.

Outro efeito importante é a projecção. Segundo este efeito, nós avaliamos os outros através da projecção que fazemos de nós mesmos. Neste caso, existe uma responsabilidade do eu-avaliador, podendo nós tirar conclusões sobre a nossa personalidade. Pode-se concluir que nós quando fazemos avaliações negativas ou positivas podemos estar a revelar-nos a nós mesmos. Em muitas situações somos capazes de identificar as razões para determinados comportamentos da outra parte, será que estamos a ser objectivos ou estamos a identificar eventuais motivações que teríamos se estivéssemos na mesma situação. Este efeito projecção revela-se essencialmente em relações de grande proximidade, em que tendemos a identificar nos outros as nossas características.

Outra limitação é a cultural, o que os sociólogos dizem ser de etnocentrismo. Consiste em avaliarmos tudo segundo os nossos valores, crenças e padrões. Mas é preciso ter cuidado com a profundidade deste conceito, nunca nos podemos esquecer que existe uma matriz comum de valores, o conceito de bem e mal é universal. Existem diferenças, mas nenhuma cultura determina que nos matemos uns aos outros, que sejamos desonestos e que sejamos infiéis. A minha interpretação é que tentemos ser flexíveis e procuremos colocar os preconceitos fora das nossas percepções, mas nunca renunciar aquilo que consideramos fundamental.

Ao considerarmos estas 3 limitações (halo, projecção e cultural) na percepção que temos uns dos outros, poderá melhorar os relacionamentos que temos, não só com os outros mas também com nós mesmos.